Você sabe o que seu filho faz e por onde navega quando usa a internet?
Ao mesmo tempo em que serve para pesquisas informais, apoio ao ensino e facilita o relacionamento com outras pessoas, a internet deixa as crianças e adolescentes vulneráveis a ofensas, constrangimentos e assédio de pessoas mal intencionadas. Os pais dizem que monitoram os acessos e estão alertas para esses riscos, mas será que eles sabem o que realmente acontece quando seus filhos navegam pela rede? Pesquisa realizada pelo Comitê Gestor da Internet (CGI) no Brasil, com o apoio de outras entidades, apurou o tipo de uso e hábitos de crianças e adolescentes – de 9 a 16 anos de idade – ao utilizar a internet, e levantou as oportunidades e riscos de navegar na rede. O estudo foi separado em dois grupos de idade e concluiu que a maioria dos menores de 11 a 16 anos recorre frequentemente à internet para (por ordem decrescente) acessar a rede social , enviar mensagens instantâneas a amigos, postar mensagens em sites, acessar e-mails, assistir vídeos, jogar games (só ou com outras pessoas), baixar músicas ou filmes, ler notícias, postar imagens ou músicas e, por último, realizar trabalhos escolares. O que poucos sabem é que 70% deles (na faixa de 9 a 16 anos) têm perfil próprio nas redes sociais e que neles compartilham informações (por ordem decrescente) como foto pessoal (86%), sobrenome (69%), nome da escola (28%), idade (27%), endereço residencial (13%) e telefone (12%). Quanto aos cuidados com a privacidade, cerca de 42% exibem esses dados apenas para amigos, 31% para amigos de amigos, 25% os deixam abertos para o público em geral. O estudo não fala diretamente sobre isso, mas esses dados confidenciais, divulgados abertamente na rede, podem expor os menores e suas famílias a vários tipos de riscos, como assédio, extorsão, roubo, assalto ou até sequestros. Outros dados preocupantes: 5% dos menores de 9 a 10 anos e 23% dos menores de 11 a 16 anos que já tiveram contato na internet com alguém que não conheciam relataram terem encontrado essa pessoa em algum lugar. E que 22% delas afirmaram já ter passado por alguma situação ofensiva ou que as chatearam na internet no período de 12 meses. O levantamento apurou também outros tipos de conteúdos acessados, seja por decisão própria ou involuntariamente. Mensagens de ódio contra pessoas (14%), dicas para ficar mais magro a ponto de ficar doente (10%), troca de experiência sobre uso de drogas (9%), formas de machucar a si mesmo (7%) e maneiras de cometer suicídio (3%) estavam entre os temas que também foram encontrados na rede por adolescentes entre 11 e 16 anos. Apesar de os pais afirmarem que estão alertas ao uso indevido da rede, deduz-se pelos dados apurados que boa parcela deles subestima alguns desses problemas. A maioria dos responsáveis consultados acha pouco provável que os filhos venham a passar por constrangimentos na internet e que eles saberiam lidar com essas situações. Também acham que estariam aptos a ajudá-los nessas questões. Grande parte dos pais afirma que os filhos usam a internet com segurança e que não passaram por nenhum tipo de constrangimento. Não é preciso ser um especialista no assunto para comparar as respostas dadas pelos menores e ver que parte dos pais não tem conhecimento real ou não dá a devida importância aos riscos a que seus filhos estão expostos. A pesquisa sobre Uso das Tecnologias de Informação e Comunicação no Brasil foi realizada pela empresa Ipsos Public Affairs entre abril e julho de 2012, em várias regiões do país. O levantamento ouviu, por meio de entrevistas pessoais, 1.580 crianças e adolescentes e 1.580 pais e responsáveis.